Por: Raquel, Cícero, Gleison, Clarice, Bruna, Daiane e Luiza.
O candomblé surgiu no Brasil no séc. XIX, quando os negros passaram a viver nas grandes cidades litorâneas como escravos de ganho. Saíam às ruas trabalhando como vendedores, barbeiros, artesãos, prostitutas. Obviamente, a maior parte do ganho ia parar nas mãos dos senhores, mas foi dessa forma que os escravos, antes isolados nas senzalas, passaram a se sustentar e morar em bairros negros.
As primeiras casas, ou terreiros, surgiram desse ajuntamento e algumas resistem até hoje, como a Casa Branca-Engenho Velho, em Salvador. É uma religião panteísta em que são cultuados os orixás. As casas geralmente são de origem familiar, ou seja, os postos de babalorixá (pai-de-santo) e yalorixá (mãe-de-santo) são hereditários.
PRECONCEITO
O candomblé, certamente, é uma religião de resistência. Condenado pela Igreja e proibido por lei até 1945, continua sendo mal visto até hoje. Para Reginaldo Prandi, autor de “A Mitologia dos Orixás”, o motivo é o rótulo de “macumba”, a imagem de relação com o demônio. “É uma realidade superficial e distante da realidade mítica e ritualística de um terreiro.” diz o pesquisador.
As práticas dentro dos terreiros têm grande visibilidade turística, especialmente na Bahia, e estão presentes nas obras de artistas como Dorival Caymmi e Jorge Amado. Isso não impede, porém, que muitos deixem de se declarar como praticantes de religiões afro-brasileiras por medo de discriminação.
Nas escolas, as crianças de religiões afro-brasileiras também têm problemas. O orgulho da crença fica dentro dos muros dos terreiros. Um aluno de 13 anos do Rio de Janeiro foi expulso da sala de aula aos gritos de “filho do capeta” pela professora. A escola teve que se desculpar publicamente.
No Cariri, em 2010, houve a 1ª Caminhada de Combate à Intolerância Religiosa. Adeptos do candomblé saíram às ruas até a Praça Padre Cícero, onde apresentaram cantos e danças de origem africana. "Não viemos às ruas para afrontar religião nenhuma; pelo contrário, estamos aqui para unir todas as religiões. Queremos paz e união" disse a mãe-de-santo Maria Isabel Galdino.
Os principais orixás do candomblé
Os orixás sãos seres divinos do Camdoblê. Quando os africanos chegaram ao Brasil, tiveram que “adaptar” a sua religião ao catolicismo, por isso alguns orixás passaram a ser transfigurados em santos católicos, como por exemplo:
Ogum, deus do ferro e da guerra, é Santo Antônio ou São Jorge; Omolu, deus das doenças, é São Lázaro; Oxumarê, a serpente, é São Bartolomeu; Oxóssi, deus da caça, é São Jorge; Xangô, deus do trovão, é São Jerônimo. As três mulheres de Xangô são Iansã, deusa dos ventos e das tempestades, associada a Santa Bárbara; Oxum, deusa das fontes e da beleza, a Nossa Senhora das Candeias; e Obá, deusa dos rios
Exu: Laroyé! O mensageiro dos orixás. Deus da terra e do universo. Se agradado como se deve, saberá retribuir. Contém em si todas as contradições inerentes ao ser humano. Pode amar e odiar, unir e separar, provocar a paz e a guerra. Deve ser servido antes de todos. Nenhuma obrigação pode ser feita sem que Exu seja saudado antes.Os filhos de Exu são alegres, sorridentes, estão sempre de bem com a vida, são ambiciosos, extrovertidos, espertos, inteligentes, atentos.
Yemanjá: Odoyá! A rainha do mar. Na África era cultuada pelos egbá, nação Iorubá da região de Ifé e Ibadan onde se encontra o rio Yemojá. Yemanjá é a mãe de todos, é ela quem sustenta a humanidade. É o espelho do mundo, pois uma mãe é sempre um espelho para seu filho. Dissimulada e ardilosa, temperamental como as ondas.Os filhos de Yemanjá são imponentes, majestosos e belos, calmos, sensuais, fecundos, cheios de dignidade e dotados de irresistível fascínio.
Iansã: Eparrei! Dona das paixões. Rainha dos raios, dos ciclones, dos temporais. Orixá do fogo, guerreira. A própria força da natureza. Arrebatadora, sensual, provocante. O desejo sexual latente. Mostra sua alegria com a mesma força que exterioriza seu ódio.Os filhos de Iansã costumam ser autoritários e possessivos. Confiáveis, mas de comportamento explosivo.
Xangô: Kawó-Kabiesilé! Rei dentre os reis. Xangô nasce do poder morre em nome do poder. O poder mágico de Xangô reside no raio, no fogo que corta o céu, que destrói na Terra, mas que transforma, que protege, que ilumina o caminho. Amante irresistível, amado por Iansã, Oxum e Obá.Os filhos de Xangô têm sempre um corpo forte. São incapazes de injustiças, porém um pouco egoístas. Amantes vigorosos, nunca estão satisfeitos com uma só pessoa. Obstinados, conseguem tudo que querem.
Oxum: Ora yê yê ô! Mãe dos rios e das cachoeiras. Oxum é a deusa mais bela e mais sensual do Candomblé. A própria vaidade. É generosa e digna. Não vê defeitos nos seus filhos.Os filhos de Oxum são cheios de graça, elegância, beleza e uma certa preguiça. Têm tendência a engordar.
Omolú: Atotô! O deus das pestes. Omolú é a Terra! Omolú nasceu com o corpo coberto de chagas. Abandonado por sua mãe, Nanã, foi criado por Yemanjá. É o médico dos pobres, pois mesmo antes da ciência já salvava a vida dos necessitados.
Os filhos de Omolú são pessimistas e teimosos.
OS TIPOS DE CANDOMBLÉ:
Há quatro tipos de candomblé:
O Keto, da Bahia, o Xangô, de Pernambuco, o Batuque, do Rio Grande do Sul, e o Angola, da Bahia e São Paulo. O Keto chegou com os povos nagôs, que falam a língua iorubá . Saídos das regiões que hoje correspondem ao Sudão, Nigéria e Benin, eles vieram para o Nordeste. Os bantos saíram das regiões de Moçambique, Angola e Congo para Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo. Criaram o culto ao caboclo, representante das entidades da mata.
A mistura com o catolicismo foi uma questão de sobrevivência. Para os colonizadores portugueses, as danças e os rituais africanos eram pura feitiçaria e deviam ser reprimidos. A saída, para os escravos, era rezar para um santo e acender a vela para um orixá. Foi assim que os santos católicos pegaram carona com os deuses africanos e passaram a ser associados a eles. A partir da década de 20, o espiritismo também entrou nos terreiros, criando a umbanda, com características bem diferentes.
Assim, o candomblé já se incorporou à alma brasileira. Tanto é que o país inteiro conhece o grito de felicidade a saudação mágica que significa, em iorubá, energia vital e sagrada: Axé!
REFERÊNCIAS: