quarta-feira, 8 de junho de 2011

Que devemos fazer?

Fontamara é um romance que retrata a condição social vivenciada pelos moradores da aldeia de mesmo nome do título. No livro são expressas as péssimas condições de vida dos caffoni (trabalhadores rurais, designados por caipiras), a impossibilidade de comunicação entre os camponeses e homens da cidade, desigualdade, exploração de trabalho, em meados a instalação do fascismo na Itália, início da década de 1930.

O autor do livro é Ignazio Silone, pseudônimo que depois passou a ser o nome legal de Secondino Tranquilli. Seu movimento a partir da luta social proporciona um entendimento sobre as questões que ele aborda no livro, foi um dos fundadores do partido comunista italiano e lutou contra o regime fascista. Em sua obra circula a relação entre política e literatura e literatura e história. No caso de Fontamara, é a única obra do autor, narrada pelos personagens centrais do livro, no caso, os caffoni.


Bandeira do Partido Comunista Italiano.


No principio o autor descreve a aldeia que vive em ruinas e com sérios problemas estruturais. A história então começa sendo contada por uma família de fontamareses, dividida entre os três membros. O primeiro problema sofrido aos habitantes foi o corte de luz, pensando eles ser fruto de mais um imposto, quando na verdade é uma oportunidade para seres lesados pelas autoridades do município que coleta suas assinaturas para ter o direito de desviar o curso do riacho que lhes serve de irrigação. O desvio é feito pelo recém-chegado empresário que havia conquistado o cargo de pedestà, que corresponde a prefeito do município. Desde então, os moradores do Fontamara sofrem com uma série de acontecimentos que por sua limitação conhecimento e informação, lhe trazem o preconceito, desamparo das autoridades, abuso e exploração. Até mesmo aqueles “intelectuais” nas quais eles confiavam, os abandonam a meio de um conflito, sem estratégia ou uma forma de pelo menos, acabar a sua fome.

Fontamara apresenta a miséria, a falta de interesse público e o descaso não só com o camponês, mas aqueles que vivem à margem do poder. Com essa abordagem, no campo sociológico pode ser notada a identificação do autor com o pensamento marxista, é tanto que militou durante um tempo contra o governo totalitário e a favor do proletariado e dos oprimidos. Silone constrói em seu livro momentos em que apresentam a desfavorável distribuição de terra aos camponeses, a alienação, desigualdade entre a remuneração em relação ao que é produzido pelos trabalhadores rurais. Enquanto isso Marx dizia que através da mobilização poderia se conseguir a mudança, presente no momento em que os caffoni começam a fazer manifestação conduzida por um “Eterno Desconhecido” que divulga na forma de um jornal tudo aquilo que sofriam naquele momento.

A obra de Marx, junto à leitura de Fontamara, desperta a responsabilidade que cada um tem em não se conformar com as desigualdades sociais vividas, a aldeia se engloba num contexto moderno em que a opressão, a exploração, a falta de estrutura, a alienação, entre outros problemas, tudo isso diante dos nossos olhos nos tempos atuais. Enquanto os que detêm o poder continuam lucrando, passando de mão em mão a responsabilidade pela “ordem”. O “Eterno Desconhecido” torna-se aquele instrumento que abre os olhos da população, seja no jornal, na verdadeira notícia, na arte ou através dos líderes.

Um grande lutador, “Eterno Desconhecido” – que nada tem de desconhecido – foi o músico e compositor Gonzaguinha que viveu durante a ditadura, um período em que a música sofria a censura e os artistas sofriam com o abuso de autoridade. Gonzaguinha apresentava em suas letras esse propósito de mobilização, de mudança e valorização do homem, do trabalho, além, de críticas ao regime ditatorial. Pela mídia de massa, controlada pelos poderosos, era chamado de “cantor rancor”, pois segundo eles apresentava letras “fortes”. De suas 72 músicas compostas nessa época, 54 foram censuradas. Na canção “Nunca pare de Sonhar” apresenta o pensamento do artista que tornou da voz, sua “arma” contra intolerância. “Fé na vida, fé no homem, fé no que virá. Nós podemos tudo, nós podemos mais. Vamos lá fazer o que será”.

A história nos traz o exemplo que a juventude era a impulsora dos protestos. No Brasil, por exemplo, os estudantes participavam das constates manifestações na época do Regime Militar, muitos foram presos. Difícil encontrar movimentos políticos estudantis tão significativos como os da época nos dias atuais, mas alguns, mesmo que simples podem fazer à diferença. Como exemplo encontra-se os estudantes do curso de Mídias Digitais da UFPB, que do seu modo criativo, criaram um vídeo como paródia reivindicando problemas de estrutura com seu curso. Segue o vídeo abaixo:

Então, esse mesmo problema de estrutura é parecido com os vividos na UFC Campus Cariri, em que o curso Jornalismo, entre outros, estão sem seus laboratórios e locais para a prática de suas atividades.

E o que devemos fazer? Aceitar? Já estão aceitando só pelo fato de estarem calados.


E vamos à luta.


Por: Alana, Ana Caroline, Antonio, Alisson, Charlenne, Felipe, Janio Mayk, Lucas e Tiago.

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